Gigante de telecomunicações europeia diz que
agências possuem cabos secretos que grampeiam, gravam e até rastreiam conversas
telefônicas
06/06/2014
Do Opera Mundi
A Vodafone,
gigante de telecomunicações europeia, revelou nesta sexta-feira (06/06) que
governos de vários países possuem cabos secretos para grampear, gravar, ouvir o
conteúdo e até, em alguns casos, rastrear a localização das conversas
telefônicas transmitidas pela rede da empresa. De acordo com a Vodafone, outras
companhias do setor também estão submetidas ao mesmo tipo de acesso direto. A
empresa não revelou em quais dos 29 países em que atua, na Europa e no mundo,
há esse tipo de prática.
A revelação, publicada
hoje pelo jornal britânico The Guardian, adianta o conteúdo de um
longo relatório a ser divulgado pela Vodafone, multinacional com sede em
Londres, na qual a empresa quebra o silêncio e denuncia as práticas de
ciberespionagem civil adotadas pelas agências de inteligência de vários países.
Segundo a empresa, cabos governamentais foram conectados diretamente ao sistema
da Vodafone, fornecendo acesso direto aos dados e conteúdos de seus clientes.
Dos 29 países
em que atua, seis deles exigem que as empresas de telecomunicações instalem os
cabos secretos ou permitam que o governo o faça. Caso se neguem a colaborar com
as agências de espionagem, as teles podem ter suas licenças de operação
retiradas dos países.
Citado
pelo The Guardian, o ativista pelos direitos civis Shami
Chakrabarti classificou de "sem precedentes" e
"aterrorizante" a revelação. Outras entidades que atuam na causa
afirmaram que as informações confirmam o "pior dos medos" em relação
à extensão das práticas de vigilância: o acesso direto não requer nenhum tipo
de autorização judicial, fazendo com que a empresa não saiba nem quem nem
quantos clientes foram espionados pelos governos.
"Esses
cabos existem. O modelo de acesso direto existe", disse Stephen Deadman,
funcionário da Vodafone. E completou: "Estamos fazendo um chamado para pôr
fim ao acesso direto como meio que o governo tem para obter os dados de
comunicação das pessoas. Sem nenhum tipo de mandado judicial, não há qualquer
visibilidade externa. Se recebermos um pedido formal [para expor informações de
clientes], podemos recorrer na Justiça contra a demanda. Fazer com que o
governo tenha de emitir um pedaço de papel é uma restrição importante".
Será
divulgada hoje a íntegra do relatório, intitulado "Informe de Divulgação
sobre a Aplicação da Lei" e que vem sendo preparado há um ano, desde que o
ex-analista da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) Edward Snowden fez
as primeiras revelações sobre as práticas de ciberespionagem em massa. O
objetivo é fazer com que os clientes da empresa a sociedade civil tomem
conhecimento das obrigações legais impostas pelos serviços secretos de vários
países do mundo no que se refere a colaborar com interceptação e
ciberespionagem.
(http://www.brasildefato.com.br/node/28798).
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