ESCRITO POR NOAM CHOMSKY
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QUI, 17 DE JULHO DE 2014
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Às três da madrugada (horário de Gaza), de 9 de julho, em meio ao
último exercício de selvageria de Israel, recebi um telefonema de um jovem
jornalista palestino m Gaza. Ao fundo, podia ouvir o lamúrio de seu filho
pequeno, entre sons de explosões de jatos, atirando sobre qualquer civil que
se mova e sobre casas. Ele acabava de ver um amigo, num carro claramente
identificado como “imprensa”, voar pelos ares. E ouvia gritos ao lado de sua
casa, após uma explosão — mas não podia sair, ou seria um alvo provável. É um
bairro calmo, sem alvos militares (exceto palestinos), que são presas fáceis para
a máquina militar de alta tecnologia de Israel, abastecida pelos Estados
Unidos.
Ele contou que 70% das ambulâncias haviam sido destruídas e, até
aquele momento, mais de 70 pessoas (o número subiu para 120 na sexta, 11/7,
segundo o Guardian) haviam sido mortas e 300
feridas – cerca de 2/3, mulheres e crianças. Poucos ativistas do Hamas, ou
instalações para lançamento de foguetes, haviam sido atingidas. Apenas as
vítimas de sempre.
É importante entender como se vive em Gaza, mesmo quando o
comportamento de Israel é “moderado”, no intervalo entre crises fabricadas,
como esta. Um bom retrato está disponível num relatório daUNRWA (a
agência da ONU para refugiados palestinos) preparado por Mads Gilbert, o
corajoso médico norueguês que trabalhou extensivamente em Gaza, mesmo durante
os ataques mortíferos de Israel. A situação é desastrosa, por todos os
ângulos.
Gilbert narra: “As crianças palestinas em Gaza sofrem imensamente. Uma
vasta proporção é afetada pelo regime de desnutrição imposto pelo bloqueio
israelense. A prevalência de anemia entre menores de dois anos é de 72,8%; os
índices registrados de síndrome consuptiva, nanismo e subpeso são
de 34,3%, 31,4% e 31,45%, respectivamente”. E estão piorando.
Quando Israel está em fase de “bom comportamento”, mais de duas
crianças palestinas são mortas por semana – um padrão que se repete há 14
anos. As causas de fundo são a ocupação criminosa e os programas para reduzir
a vida palestina à mera sobrevivência em Gaza. Enquanto isso, na Cisjordânia
os palestinos são confinados em regiões inviáveis e Israel toma as terras que
quer, em completa violação do direito internacional e de resoluções
explícitas do Conselho de Segurança da ONU – para não falar de decência.
Noam Chomsky é linguista, filósofo e ativista político
norte-americano, professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de
Massachusetts .
Tradução de Antonio Martins, editor do
Outras Palavras.
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sexta-feira, 18 de julho de 2014
BARBÁRIE EM GAZA
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