De um provérbio coreano: nunca pise nem na sombra de um professor!
Nós professores estamos passando por um
profundo processo de precarização fordista. Presos a um modelo educacional que
desde as primeiras escolas brasileiras, organizadas pela Companhia de Jesus
durante o período colonial, passando pela reforma pombalina, sempre esteve
vinculado às necessidades da classe dominante. O resultado é uma falência
generalizada da educação, onde sequer o letramento e operações matemáticas
básicas são aprendidos pelos alunos. O que dizer então da autonomia, da
consciência crítica, da capacidade de alteridade, da ponderação literária, do
espírito de coletividade, da formação ética, da vivência cidadã na formação
desses alunos? E nós professores damos exemplo de leitura aos nossos discentes?
Apresentamos uma visão de mundo na qual subjaz uma sólida formação, ancorada na
pesquisa, no debate discursivo, na ponderação e no ato de escrever? A mesma
razão objetiva (científica) que nos comanda na gestão das nossas disciplinas
também nos orienta na análise do mundo no qual estamos inseridos? Ou as nossas
análises e preocupações sociais e humanas reverberam a mais rudimentar e superficial
opinião da mídia conservadora e do senso comum?
Pois bem companheiros, como encarnar uma
vida de estudos, pesquisa, reflexão, formação, leitura, aprendizado de idiomas,
debates racionais e morais, viagens, ministrando dez, doze ou quinze aulas por
dia. Sem contar a corrente eterna de trabalhos, provas, simulados etc a
realizar em casa. Quando chegamos a casa, já noite avançada, repousamos o
corpo, suspendemos a mente e, ao reiniciar a duríssima jornada no dia seguinte,
inserimo-nos, novamente, na lógica da
cadeia infinita das necessidades.
Para concluir, a palavra educar vem do latim educere, da preposição ex-, para fora e do verbo ducere, levar, conduzir e significa,
propriamente, conduzir para fora. O
educador é aquele que leva os alunos para além dos condicionamentos culturais e
históricos impostos pela sociedade.
Aos meus companheiros de escola, a
palavra companheiro, do latim cum panis, significa aquele que come do mesmo pão, ou seja,
os que estão no mesmo barco, vale a dizer, todos nós professores. É uma
belíssima palavra.
De um provérbio coreano: nunca pise nem na sombra de um professor!
Nenhum comentário:
Postar um comentário