SEGUNDA,
01 DE JUNHO DE 2015
Haverá
eleição presidencial nos EUA em 2016. Como no Brasil, lá também o povo vota,
mas quem elege é o dinheiro.
Os
pré-candidatos estadunidenses já paparicam os grandes doadores de campanhas:
Sheldon Adelson, dono de cassinos, nos últimos 12 anos doou US$ 120 milhões aos
republicanos; George Soros, especulador, US$ 44 milhões aos democratas. Os
irmãos David e Charles Koch, do ramo petroquímico, se dispõem a arrecadar US$
900 milhões para os republicanos; e tantos outros bilionários se mobilizam.
Na
corrida ao Planalto, em 2014, nossos candidatos arrecadaram, juntos, R$ 586
milhões. A campanha de Dilma abocanhou R$ 318 milhões, mais da metade do total.
Zerou todas as despesas e ainda sobraram R$ 169 mil. Aécio arrecadou R$ 201
milhões, e ficou dependurado na dívida de R$ 15 milhões.
Até 1997,
no Brasil era proibido empresas financiarem campanhas eleitorais. O PSDB quebrou
a boa norma e fez aprovar a lei eleitoral nº 9.504, que permite financiar
candidatos sem que o dinheiro passe pelos partidos.
Só um
imbecil pensa que se trata de “doação”. É, de fato, investimento. Empresas e
bancos “emprestam” grana à espera de retorno assegurado pelo desempenho
político do eleito. Não há papel assinado, exceto quando a doação é ao partido.
Se o
candidato perde, o investidor contabiliza na folha de “perdas e danos”. E nada
impede de o candidato embolsar parte do recurso recebido. Se é eleito, sabe que
deverá ser leal a seus “investidores”, caso contrário será castigado nas
próximas eleições e ficará a pão e água...
Os
maiores investidores procuram formar bancadas, como a do BBB (bola, bala e
Bíblia), assim como há bancadas do agronegócio, da bebida alcoólica, dos
frigoríficos etc.
São 39 os
países que, hoje, proíbem empresas de financiarem eleições, entre eles
Portugal, França, Canadá, México, Colômbia e Peru.
Além da
grana “por fora” de empresas e bancos, no Brasil há ainda a grana do Fundo
Partidário. Até abril deste ano era de R$ 290 milhões. Dilma, apesar do ajuste
fiscal, triplicou-o. Agora é de R$ 868 milhões. Também ela investe na base
aliada...
Em época de
eleições, você já escutou “Interrompemos a nossa programação para o programa
eleitoral gratuito”. Mentira. Não é gratuito. O valor do tempo cedido por
rádios e TVs à campanha eleitoral é abatido no imposto de renda das emissoras.
Em 2014, elas ganharam R$ 840 milhões de isenções fiscais.
E o mais
intrigante: a União é, constitucionalmente, a proprietária do sistema
radio-televisivo brasileiro. E, no entanto, paga para utilizá-lo em campanhas
de interesse público.
O STF
decidiu por 6 a 1, em maio de 2014, proibir doação de empresas a campanhas
eleitorais. Porém, o juiz Gilmar Mendes, contrário à decisão, apelou para o
recurso de “pedido de vistas” e enfiou o processo debaixo do braço. E não há
lei que o apresse. Na verdade, ele queria ganhar tempo para transferir a
decisão para o Congresso. Acreditava que deputados e senadores, capitaneados
por Eduardo Cunha, vetariam a proibição.
Resta à
sociedade civil pressionar para que os nossos políticos tenham vergonha na cara
e decência no bolso. E, na próxima eleição, votar com mais consciência.
(FONTE:http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10821:freibetto010615&catid=17:frei-betto&Itemid=55).
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