quinta-feira, 3 de abril de 2014

O MUNDO, O JOVEM E A ESCOLA


O mundo atual anda triste, macambúzio, egoísta, arrogante, intolerante dentre outros epítetos que me escapam neste momento. Vivemos correndo, buscando bens materiais, conforto e demais prazeres em detrimento da solidariedade, da compreensão, do altruísmo. Muitos de nós, pais, substituímos nossa ausência pela satisfação dos desejos de nossos filhos, e isso tem acarretado uma série de consequências imensuráveis. Nossos filhos estão sendo criados numa “bolha”, num mundo que não existe. Sem perdas, sem frustrações, sem insucessos e parafraseando Álvaro de Campos: sendo campeões em tudo. Suas vidas basicamente se dividem em três partes: escola, computador (rede pseudo-social) e shopping. Há quanto tempo não falamos para nossos filhos e nem ouvimos deles a doce oração “eu te amo”? Essa luta desenfreada pela sobrevivência, a competição, a necessidade de ser o melhor e, infelizmente, o aumento da violência não permitem mais que as crianças tenham tempo de correr, pular, cair, errar  e possam andar sozinhas pelas ruas enfrentando seus medos.

      O difícil papel da escola neste novo contexto muitas vezes contradiz a vontade dos pais, pois a escola precisa motivar o aluno para os estudos ao mesmo tempo em que impõe regras, limites para a convivência salutar dos jovens. Limites esses que os pais, muitas vezes, não concordam. Nessa visão familiar, a escola na figura do professor, não pode em hipótese alguma chamar a atenção de um aluno que esteja atrapalhando o bom andamento da aula, pois estará desse modo constrangendo o aluno. A família ao escolher onde seu filho irá estudar, precisa confiar plenamente no modelo pedagógico implementado pela instituição, na capacitação dos professores e funcionários. Precisa entender que haverá conflitos, opiniões discordantes e vários outros problemas comuns ao cotidiano de qualquer ser humano, e que esses acontecimentos serão resolvidos através do diálogo, do acompanhamento, da escuta e,principalmente ,do bom senso.
      A escola, finalmente, tem um papel fundamental: transformar vidas. Confesso que ainda não sei o segredo para possibilitar tamanha façanha, mas imagino que a escola possa construir um caminho que leve o educando a realizar seus sonhos. Possa formar o homem em sua plenitude: íntegro, seguro, solidário, responsável, amável. Um cidadão capaz de amar e ser amado, capaz de ser competitivo sem ser desleal, capaz de reconhecer talentos e qualidades em outras pessoas, capaz de ajudar sem segundas intenções, capaz de desejar, realizar, construir, capaz de liderar sem humilhar. Dessa forma, certamente, teremos uma humanidade mais justa e feliz.


PROF. NETO CEARÁ
DIRETOR PEDAGÓGICO DO CEV COLÉGIO – TERESINA / PI

3 comentários:

  1. O papel que deveria ser dos pais está sendo passado para a escola, o que torna a situação mais complicada do que já é, pois os pais possuem um certo poder na mente dos filhos em relação a qualquer outra pessoa ou instituição, valores como respeito, amor, solidariedade dificilmente serão ensinados a uma criança por pessoas "desconhecidas",mas o pior é que ainda dá para piorar... Estamos marchando para a beira do apocalipse moral e, provavelmente, o apocalipse literal

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    1. Caro leitor, infelizmente já estamos vivendo um apocalipse literal, emocional,social, etc.

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  2. Prof. Neto,

    Belíssimas palavras as suas no artigo! Concordo plenamente com sua opinião sobre os pais compensarem suas ausências através da satisfação dos desejos dos filhos, os quais são incapazes atualmente de receber um "não" como resposta, ou até o são, mas "compartilhando" sempre suas angústias com os "amigos" virtuais, e não através do diálogo. Hoje em dia as pessoas não conversam mais, apenas batem papo. Eu mesma sou uma excluída dos assuntos de meu "grupo", pois não participo ativamente das redes sociais, as quais vieram com o intuito de unir pessoas que vivem à distância, mas acabam por distanciar as que vivem próximas. E a escola realmente hoje tem um papel a mais, além de ser continuação do âmbito familiar, realmente se transferiu para ela a função de educar, no sentido amplo da palavra. Espero que essa preocupação de alguns educadores se torne realmente uma prioridade da escola como um todo.
    Belíssimo artigo. Meus parabéns!
    Abraço,
    Tailanna Costa.

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